UM PONTO FINAL EM NÓS DOIS

29 de nov. de 2013

Era noite de um sábado e eu ia te ver. Cinco anos depois de tudo ter começado, íamos por um ponto final na nossa história. Ou reticências. Na verdade, nada disso importava. Eu ia te ver.

Eu esperei muito por isso, sabe? Foram 1,825 dias de sonhos feitos e desfeitos, de choros e sorrisos, de conversas por telefone e por msn. Eu não era a mesma garotinha de 14 anos e você não era o mesmo menino de 17, mas cada vez que nos falávamos, parecia que o tempo parava e por um minuto voltávamos a ser quem éramos. Se eu fechasse bem os olhos, parecia que estávamos juntos novamente.

Te encontrei na esquina da casa da minha melhor amiga, me esperando encostado sob o seu carro novo. Quando você me viu, deu um sorriso gigante e eu te dei dois beijinhos no rosto. Engraçado, pensei. Achei que estaria cheia de borboletas no estomago...

Tentávamos nos decidir sobre o que faríamos enquanto dirigíamos sem rumo. Seu medo de alguém te encontrar comigo e falar tudo para a sua namorada estava ali, escondido entre as sugestões nervosas que dava.  Não era certo com ela, coitada, mas esperei tempo demais por isso e nenhuma culpa poderia tirar o sorriso que eu tinha no rosto. Decidimos ir ao cinema ver qualquer coisa que estivesse passando. Conversamos sobre a vida no caminho e não nos tocamos durante o filme.

O filme acabou. Acho que me dei conta, bem de leve, que a nossa história também tinha acabado, porém, não tinha forças para admitir isso para mim mesma. Principalmente depois que você disse que estar comigo te lembrava dos melhores momentos da sua vida. Como eu poderia responder a isso? Entramos no carro e ficamos mudo até chegarmos na entrada do meu prédio.

“Desculpa se você achou que algo ia acontecer essa noite. Não quero te iludir.”
“Relaxa, não achei nada. Eu te conheço”
“Não, Camile. Você me conhecia.”
“Sei que você não faria isso com a Marcela. Você não é homem dessas coisas e, honestamente, eu não sabia o que esperar. Acho que agora podemos ser amigos, né?”

Ele riu. Saímos do carro e nos abraçamos. Nesse momento começou a chuviscar de leve. Que clichê, falei pra mim mesma. Ele começou a chorar e eu, embalada pelas suas lágrimas molhando a minha blusa preferida e pela leve chuva, me entreguei também. Nos separamos e seus lábios procuraram o meu. Cinco anos de dúvidas e anseios respondidos em menos de cinco minutos. Fomos para o banco de trás do carro.

“Não consigo. Foi mal.”
“Relaxa,” disse levemente frustrada. Já estávamos sem roupa e ele para no meio do caminho? Quem faz isso?
“Você quer apagar essa noite da sua cabeça?”

Pensei por um minuto. Não sabia quais seriam as consequências dessa noite. Ele poderia ter se tocado que eu sou o amor da vida dele, largar a namorada e voltar para mim ou poderíamos nos tornar amigos e seguir com as nossas vidas. De qualquer maneira, havia esperado muito tempo por essa noite; por essa confirmação dos nossos sentimentos. Isso não poderia ter sido em vão.

“Não.”

Me deitei em seu colo e ficamos ali por uns bons 15 minutos, até botarmos as nossas roupas de volta e sairmos do carro. Ele me deixou na portaria e me deu um beijo na testa. Disse que me ligaria no meu aniversário, na quarta. Respondi que ficaria no aguardo. Entrei no meu prédio e me virei a tempo de ver ele pisando no acelerador e indo embora. Acho que no fundo eu já sabia que aquela seria a última vez que o veria e por isso deixei escapar uma lágrima dos meus olhos.

Alguns dias depois ele me mandou uma mensagem no celular falando que aquilo tudo não passara de um desejo e que nunca mais ia voltar a acontecer. Não chorei. Pelo contrário: a prepotência dele de se achar tão importante fez com que eu risse da situação. Mandei uma resposta mal-educada no Facebook dele e cortamos qualquer relação que tínhamos. Botamos um ponto final na nossa história repleta de vírgulas e reticências. Hoje, alguns anos depois, posso analisar bem a situação e ver que eu estava completamente apaixonada pela ideia dele. O meu primeiro namorado; primeiro amor; primeira paixão; primeira transa; primeiro “eu te amo”... Eu era apaixonada por quem ele era aos 16 anos. O menino de 22 anos com quem eu estive no carro era um estranho pra mim. E eu já sabia disso quando o vi, só não tinha forças para acreditar nisso.


Minhas amigas me perguntaram se eu me arrependi de algo. A resposta veio na hora: não. Se não fosse a prepotência dele, poderia ainda estar apaixonada por uma idealização da minha cabeça. O lobo mau disfarçado de príncipe finalmente mostrou as suas caras e a máscara caiu e se quebrou. Sou grata a ele. Ele me fez evoluir como pessoa. Precisava disso para poder evoluir nas minhas relações, sabe? Me libertar da ideia dele. Hoje, seu fantasma não me aterroriza mais. Aliás, quero deixar aqui os meus parabéns para ele e a Marcela pelo noivado. É honesto e de coração. Que sejam felizes, porque eu com certeza já sou.

SER "PLUS" NOS DIAS DE HOJE

17 de nov. de 2013

Recentemente a revista Cosmopolitam fez uma matéria falando sobre a nova linha de roupas da supermodelo "plus size" Robyn Lawley (link aqui). Foi aí que começou o bafafá.


Segundo a Cosmo (e o resto do mundo da moda), isso aí em cima é ser "plus". Ter um corpo  aparentemente normal e saudável, é ser "plus". Se você não se parece com isso, você também é "plus". O mundo inteiro então é "plus", só essas 1% que desfilam é que são o padrão de beleza ideal (segundo essas revistas). Modelos como a Robyn e a (lindíssima) Kate Upton são consideradas "plus" e o resto é que é "normal". Vou te falar uma coisa, se elas são "plus", eu sou mórbida.

É por conta de um padrão estético ridículo imposto por revistas e grifes de moda, que hoje tem várias meninas que sofrem de anorexia e bulimia, sempre em busca do corpo que a sociedade diz que é aceitável. Queria poder voltar para os anos 1950 e 1960, onde ser magra, na verdade, era considerado algo ruim. Barriga negativa então nem se fala. Uma época onde a maior estrela hollywoodiana ever não era magrela e era considerada uma sexy symbol (sim, estou falando de você, Marilyn).
Beijinho no ombro para a barriga negativa
Infelizmente, os tempos são outros. Dietas "infalíveis" que prometem eliminar gordurinhas em questões de semanas são o principal atrativo das revistas de corpo (tipo a Shape, Corpo a Corpo entre outras). O que aconteceu com ser saudável e feliz? Tipo, não vou ser hipócrita e falar que ser magra é algo feio ou ruim hoje em dia, porque não é. Não acho. Acho o corpo das meninas da Victorias Secret muito bonito, por exemplo. O que me irrita mesmo é essas classificações dadas pelo mundo da moda, rotulando as pessoas que aparentam ser saudáveis em "plus", instruindo assim um mundo repleto de meninas com transtornos alimentares.

Isso foi algo que eu decidi fazer ontem. Não comecei #projeto nenhum. Quero buscar a melhor versão de mim mesma. Quer ser saudável e ser feliz, independentemente do meu peso. Tô um pouco acima do meu peso ideal? Estou. Mas acima de ver um certo número na balança, quero poder buscar ter uma vida melhor e mais saudável. Não vou ficar me matando porque comi um hambúrger no final de semana. Vou comer o que me der na telha, contanto que eu faça tudo de maneira saudável.

Eu sou mais ser normal e saudável do que ser magrela e modelo. Sou mais ser uma Robyn Lawley ou Kate Upton, do que ser uma Adriana Lima. Meu corpo não ficaria legal magricelo. Existem muitas coisas que devemos levar em conta, não apenas um número. 

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