SOBRE SENTIR VERGONHA NACIONAL

7 de set. de 2019



Eu nunca tive vergonha de ser brasileira.

Pelo contrário. Cresci escutando da minha mãe o quanto ela tinha vergonha do país dela, por conta de toda a roubalheira e corrupção que faz parte do nosso DNA - o famoso “jeitinho brasileiro”. Jeitinho esse que eh amava dizer que tinha, pois, apesar do mesmo ser relacionado com a malandragem do brasileiro, para mim, esse traço nosso dizia respeito ao fato de sermos um povo acolhedor com o outro; de termos sempre um tempo e um dinheiro sobrando pra tomar uma gelada no bar depois do trabalho; de nos satisfazermos com pouco; de termos um sorriso no rosto independente dos percalços que a vida trás.

POR ONDE COMEÇAR?

21 de jul. de 2018



Em março, eu fiz um post no blog falando exatamente sobre começar do zero e como isso é uma coisa que eu constantemente gosto de fazer, afinal, é sempre bom se renovar e mudar algumas coisas que não estão mais funcionando, e parar pra refletir sobre a nossa vida e a nossa verdade do momento.

O que eu não sabia naquela época era o quão literal o meu "empezar desde cero" realmente seria.

RIO DE JANEIRO

15 de mar. de 2018



Ô meu Rio de Janeiro,

Eu te amo muito, mas tá cada vez mais difícil gostar de ti. Foi-se o tempo o qual dava pra bater no peito e se orgulhar de sua beleza inconfundível, repleta de verde e azul. Antigamente, só as suas lagoas e morros já eram o suficiente para por um sorriso no meu rosto – seu povo, caloroso e desencanado, bastava para fazer com que eu comprasse a primeira passagem de volta para casa.

Ô meu Rio de Janeiro,

Infelizmente, andam abusando de você e o orgulho que eu tanto sentia, não tá me bastando mais. Hoje, sua cor é vermelha. Vermelha como o sangue que escorre dentro do carro branco na Rua do Matoso, na Praça da Bandeira; como o de milhares de pessoas vítimas de seus assassinatos diários; como o daquelas que não resistem ao tiro da bala de fuzil do policial e do bandido.

Ô meu Rio de Janeiro,

Me sinto saudosa dos tempos em que idealizava você. "Cidade maravilhosa, coração do meu Brasil" – não é assim que diz aquela música? Pois é, mas como podemos chamar de maravilhosa a cidade que mata diariamente dezenas de pessoas? Que executa ativistas negras que representam a luz e a esperança no meio de um cenário de caos político? Que manda seus filhos para uma guerra diária, o qual nenhum lado nunca ganha?

Ô meu Rio de Janeiro,

Comprei uma passagem de ida para longe. A esperança que um dia tive, já não consegue se sustentar mais. Continuarei sendo tua filha de alma, mesmo que o corpo não estejas mais aí. Espero que não sofras do mesmo fim da Marielle, das Marias, dos Joãos, dos Pedros, das Lucianas, e das centenas de pessoas que morrem diariamente em suas terras.

Ô meu Rio de Janeiro,

Eu te amo muito, mas infelizmente já não gosto mais de ti.

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