SOBRE APRENDER A OUVIR O SEU CORPO

10 de fev. de 2016


Há cerca de três meses atrás, eu tentei ser vegetariana. Eu digo "tentei" porque, como a palavra sugere, eu falhei. Não entrei nessa por modismo, porque queria perder peso, porque queria ser mais saudável e nem porque a Yasmin Brunet mandou. Foi um pensamento que tive, do nada, que me fez tentar adotar esse estilo de vida: quem sou eu para julgar o pessoal da China que come cachorro, se eu aqui como vaca, frango...? Por que eu como um animal baseado no quão fofinho ele é ou não se todos sentem da mesma maneira? Depois que me perguntei isso, cortei — assim mesmo, radicalmente, de uma vez só — todos os animais da minha alimentação.



Eu não era muito chegada em comer carne de boi de qualquer jeito (só no hamburger e bem raramente), e nem ligava muito pro frango. Minha maior dificuldade foi parar de comer frutos do mar, porque eu amo/sou eles. Salmão, camarão, lagosta, carangueijo... Sério, amo o sabor desses bichinhos. Os frutos do mar são um grande ponto de interrogação para quem quer seguir esse tipo de dieta porque tem estudos que dizem que eles sente dor e outros que dizem que não (o que me leva a pensar que ninguém sabe ao certo). Por via das dúvidas, cortei eles da minha vida também e posso dizer que essa foi a única coisa que realmente me fez falta... mas eu vou falar mais sobre isso daqui a pouco.

A Deborah (minha melhor amiga francesa, da época do intercâmbio) é vegetariana já tem alguns anos e quando eu disse para ela que eu tinha acabado de virar também, ela ficou super animada por mim e mandou eu assistir Cowspiracy (que tem no Netflix) e Terráqueos (que tem no Youtube). Assisti o primeiro e, para ser sincera, não senti a comoção que tanta gente sente não. Achei os fatos alarmantes e tal, mas como a pessoa informada que acho que sou, não foi nada tão diferente do que eu já imaginava — e nada que fizesse com que eu abandonasse tudo e virasse vegana da noite pro dia. 

Ok, mas para onde eu estou indo com esse post?

Há um mês atrás, eu passei a adotar uma dieta pescetariana em vez da vegetariana. Por três meses eu tentei, de tudo quanto é jeito, permanecer nessa vida vegetariana. Quando o meu cabelo começou a cair freneticamente, eu permaneci na dieta. Quando começaram a aparecer várias espinhas no meu rosto que não saíam de jeito nenhum (e considerando que eu nunca fui de ter muitas espinhas), eu permaneci na dieta. Quando eu comecei a ficar mais cansada do que o normal, eu permaneci na dieta. Mas tudo tem um limite e temos que aprender a escutar o nosso corpo. Não sei se foi porque eu cortei tudo muito rápido ou outra coisa, mas a verdade é que o meu corpo não estava se habituando bem com aquela mudança no meu cardápio. Por mais que eu comece outras coisas que me dessem proteína, comece mais frutas e vegetais, o meu corpo não soube lidar com aquilo. E tá tudo bem com isso. Eu fiz a minha parte, mesmo que não por muito tempo. Mas fiz.

Como os frutos do mar possuem inúmeros benefícios para a saúde, são excelentes fontes de proteína e existem muitas controvérsias a respeito deles sentirem ou não dor, eu resolvi incluir eles de volta na minha dieta. Desde que eu voltei a comer-los, senti minha pele melhorar, meu cabelo cair menos e ando menos cansada um pouco. Eu ainda tento, durante a semana, ter uma dieta vegetariana, mas quando eu posso, eu como sim um peixinho ou outro.

A verdade é que eu senti um pouco de pressão da comunidade vegetariana, mesmo não sendo uma voz ativa nela. Fosse no tumblr, nos documentários, no Instagram dessas It-Girls do vegetarianismo, ou então quando eu pesquisa sobre algo no Google, parecia que se eu não seguisse exatamente tudo aquilo que eles falavam, pensasse da mesma maneira ou o que for, eu estava sabotando o ideal e não estava ajudando em nada uma causa que é tão importante pra mim. Então, eu tive que me desligar desse meio e ouvir o meu corpo, porque tem corpo que não se sente bem com esse estilo de vida. Por mais que você queira, seu corpo não vai se adaptar. E por mais que a comunidade faça com que você se sinta uma perdedora por conta disso, o corpo é seu; a vida é sua. Temos que fazer o que for melhor para nós e isso engloba aprender a ouvir o nosso corpo.

Se vegetarianismo não for uma boa opção para você, parta para outra. Procure comer/comprar de lugares que você saiba que tratem bem os animais. Faça a sua parte e o seu corpo — e o planeta — estarão bem também.

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