4 MESES LONGE DE VOCÊ

5 de out. de 2014


A gente sente saudades das coisas mais ridículas.

Eu, por exemplo, sinto saudades do seu cheiro. Dizem que o olfato é um dos sentidos mais poderosos, porque faz com que a gente sempre lembre de uma situação ou de uma pessoa, baseada inteiramente no cheiro. Podemos esquecer como é o toque daquela pessoa, como é o gosto dos lábios dele na nossa boca, ou até do rosto dele. Mas nunca esquecemos o cheiro. E o seu cheiro é só seu. Não sei como explicar. É algo que eu amo e que ficou impregnado naquela sua camisa que eu trouxe comigo até ela ficar suja e eu ter que lavar-la. 

Também tenho saudades de quando a gente não fazia absolutamente nada. Isso é frustrante, porque eu reclamava muito disso. Todas as minhas amigas saindo nos finais de semana, altas festas rolando e você se recusando a sair de casa. "Amor, que mané sair. Vamos ver um filme". Eu reclamava, dizia que ia sair de qualquer jeito, mas no final eu sempre dava o braço a torcer e a gente ficava na sua casa, deitados ou na sua cama ou no seu sofá, vendo algum filme que você baixou ilegalmente depois deu tanto pedir. Eu sinto saudades dessa certeza que no final do dia, a gente não vai fazer nada e que, no final, vai estar tudo bem assim mesmo.

Sinto saudades de comer pizza da Parmê com você e depois reclamar do quanto eu estou gorda.

Sinto saudades de botar o meu nariz na sua covinha. Isso é idiota, mas é uma coisa tão nossa que não tem nem como eu não sentir falta. Que nem quando a gente fala que você precisa treinar o seu inglês, prometemos que só iremos nos falar em inglês de ali em diante e, no dia seguinte, já voltamos a falar em português de novo. Saudades dessas nossas contradições.

Contradições essas que, aliás, fazem a gente ser tão diferente. Você, que é todo realista e pé no chão. Que fica me dizendo "Amor, não é assim...", que as vezes não tem paciência para as minhas infantilidades (e olha que são muitas), que nunca entende os meus textos da maneira que eu quero e que fala que eu tenho que ler livros sérios. Saudades de falar "Aff" e ficar discordando de você.

Saudades de acordar de manhã e ver você, deitado ali na cama de baixo, com a boca fechada e seu cabelo de índio no rosto. Saudades de ficar te admirando por uns segundos, quietinha, até ficar entediada, pegar meu celular e começar a jogar. Até começar a ficar com fome (e mais entediada ainda) e ser obrigada a te acordar. Saudades de escutar você reclamar, pedir mais 5 minutos e fazer sinal para eu poder descer e ficar deitada com você.

Enfim, a gente saudades das coisas mais ridículas.
Mas a coisa mais ridícula que eu sinto falta, é de você.

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